APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA FAMÍLIA CAJÉ

A família Cajé de Riacho de Santana surge a partir de um homem chamado Francisco de Paula, oriundo da região da Serra do Garrancho, localizada atualmente em território do município de Poço Dantas, bem próximo a divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte, onde existe uma propriedade rural denominada Cajé - nome que provavelmente tem origem indígena. Francisco de Paula era carpinteiro e pedreiro em Pau dos Ferros já por volta de 1850, quando deu um parecer em um processo a respeito de uma obra realizada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, e na ocasião é registrado no documento que seu apelido era Cajé (1). Encontramos documentos que mostram que Francisco de Paula teria se casado com uma mulher chamada Maria José da Conceição, que pertencia a família Santos, uma das colonizadoras do território da sesmaria de Riacho de Sant'Anna. O único filho conhecido do casamento de Francisco de Paula e Maria José foi Manoel Cajé da Silva, que a exemplo do pai também era carpinteiro e pedreiro, como muitos dos seus descendentes vieram a ser. Era comum entre defensores do regime republicano acrescentar nomes de fazendas e nomes de origem indígena ao próprio sobrenome, e é possível que assim tenha surgido o sobrenome Cajé, pois na lista de adesão ao Centro Republicano de Pau dos Ferros em 1890, após a Proclamação da República, constam os nomes de Francisco Ferreira Cajé e Manoel Cajé da Silva, que provavelmente eram o pai e filho aqui relatados.


Manoel Cajé da Silva foi um dos signatários de um manifesto de apoio ao regime republicano em 1890 na cidade de Pau dos Ferros

Manoel Cajé casou-se duas vezes, sendo a primeira com uma mulher chamada Francisca Maria da Conceição, que teve apenas dois filhos: Francisca e Jerônimo. Em segundas núpcias, Manoel se casou com uma também viúva chamada Maria Alexandrina da Conceição, nascida em Flores, no sertão do Pajeú em Pernambuco, que tinha migrado para a região de Pau dos Ferros com seu primeiro esposo, Conrado José de Sousa, fugindo de uma vingança familiar após assassinato. Alexandrina e Conrado tiveram três filhos: Francisco Conrado, Vicente Conrado e Maria Santana, que foram criados por Manoel Cajé e incorporaram o sobrenome do padrasto posteriormente. Manoel e Alexandrina ainda tiveram mais cinco filhos: José Cajé, Cícero Cajé, Primo Cajé, Valentina e João Cajé.  

Segundo relatava Enoque Soares, neto do casal, em 1910 eles teriam comprado uma quadra de terras em Riacho de Santana, medindo 1 légua de comprimento e aproximadamente 500 metros de largura, fazendo divisa com o serrote do Junco e com o Paul, pelo valor de 900 mil-réis ao antigo proprietário, Manoel Cypriano. Manoel Cajé e Alexandrina tinham uma vida próspera, chegando a instalar na propriedade um engenho de cana-de-açúcar e a possuir até 126 cabeças de gado. 

Manoel Cajé faleceu em 1930. Anos depois, a viúva Alexandrina doou parte das terras para os primeiros empreendimentos públicos que surgiram na pequena vila que se formou no seio do vale do rio santana, sendo o primeiro a capela, que começou a ser construída em 1935 e foi finalizada em 1937, juntamente com o primeiro arruado, correspondente ao atual centro, na rua Manoel de Souza Lima, e posteriormente o galpão comercial - onde era realizada a feira - e o cemitério, ambos já nos anos 50. Alexandrina faleceu em 1959.   

José Cajé da Silva, filho mais velho do segundo casamento


 
Valentina Maria da Conceição, única filha do segundo casamento, ao lado de seu esposo Egídio Soares .


Seguem os casamentos dos filhos de Manoel Cajé e Alexandrina e os documentos que comprovam:

Filhos de Manoel e Francisca

1. Francisca Maria da Conceição, casou-se em 1910 com José Ayres Affonso Sobrinho.


2. Jerônimo Cajé da Silva, casou-se em 1914 com Maria da Conceição Vieira


Filhos de Alexandrina e Conrado

1. Francisco Conrado da Silva, depois Francisco Cajé da Silva, casou-se em 1911 com Ana Maria da Conceição, filha de André Alves e Joana Francisca.


2. Vicente Conrado da Silva, depois Vicente Cajé da Silva, casou-se em 1913 com Isabel



3. Maria Santana de Jesus, casou-se com Marcolino Ayres Affonso em 1910.



Filhos de Alexandrina e Manoel Cajé

1. José Cajé, casou-se com Umbelina Florentina em 1916


2. Cícero Cajé, casou-se com Maria Antônia da Conceição em 1917 e depois com Cosma Maria da Conceição em 1940


3. Primo Cajé, casou-se com Amélia Maria da Conceição em 1921. 



4. Valentina Maria casou-se com Egídio Soares em 1921.


5. João Cajé casou-se com Guilhermina Soares em 1921.

 





(1) Essa informação nos veio por meio do livro Dezessete, de Sávio Lopes, que revisita o dito processo em que Francisco de Paula Cajé foi citado.

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