FERNANDES, BESSA E CARDOSO DE RIACHO DE SANTANA

O Livro das Sesmarias do Rio Grande do Norte registra a data No 591, concedida a Mathias Fernandes Ribeiro em 26 de julho de 1802, com a seguinte ementa: “Registo de Data e Sismaria passada por este Governo a Mathias Fernandes Ribeiro da terra do lugar do Dizerto e Riacho de Sant’Anna, extremando com os providos do Rio do Peixe”. A petição encaminhada ao governo foi assim instruída: “Diz Mathias Fernandes Ribeiro que ele tem descoberto em a Ribeira do Apodi uma porção de terras devolutas e desaproveitadas e porque o suplicante delas carece para criação de seus gados e culturas, suplica a este governo lhe conceda data de sismaria na forma das Ordens Régias, com as seguintes confrontações, a saber: fazendo pião no lugar do Dizerto e Riacho de Sant’Anna, extremando por uma ponta com os providos do Rio do Peixe e para a parte contrária com o Taboleiro do Padre, ao Norte com a Serra de São José, para o Sul com a Serra do Bom Jesus, que presente se chama de Luiz Gomes, comprimento de três léguas uma de largo, ou légua e meia em quadro, como melhor conta fizer ao Suplicante (...)”. 

Mathias Fernandes, descendente de cristãos-novos, morava na Serra de Martins mas tornou-se proprietário de muitas terras que hoje compreendem os municípios de Luís Gomes, Riacho de Santana, Marcelino Vieira e Pau dos Ferros, tendo seus descendentes povoado essas regiões, adquirindo ou se apossando de outros pedaços de terra vizinhos. 

OS BESSA

Uma das filhas de Mathias, chamada Catharina, se casou com Bento José de Bessa, de Portalegre, que era filho de Leandro Francisco de Bessa, um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817 no estado do Rio Grande do Norte, que por sua participação no motim, chegou a ser preso e enviado para cumprir pena na Bahia, retornando posteriormente ao RN. 

Bento e Catharina tiveram muitos filhos, dentre os quais Marcolino José de Bessa, casado com sua prima Joanna Fernandes Chaves, que, a exemplo de muitos da família, desceu a serra do Martins e se instalou em Pau dos Ferros, no lugar chamado Cacimbas, hoje coberto pelas águas da Barragem de Pau dos Ferros. Posteriormente parte de seus descendentes passaram a ocupar o território de Riacho de Santana, não por meio de herança, mas sim por casamentos e compras de propriedades. 

OS CARDOSO 

Dos filhos de Marcolino e Joanna, houve três se casaram com outros três irmãos, filhos de Vicente Lopes Cardoso e Joana Maria da Conceição, também oriundos de Martins. Joana era conhecida como Joaninha da Várzea Grande (Várzea Grande era o local onde moravam, hoje pertencente ao município de Marcelino Vieira). Como eram 3 irmãos casados com 3 irmãos, os descendentes desses são "primos carnais".

Esses eram os filhos: 

1. Antônio Fernandes de Bessa, casado com Vicência Lopes Cardoso. Foram os pais de Albino Fernandes e Eloy Fernandes, que se casaram com duas irmãs, Ana e Rosa, filhas de Manoel Félix e Maria Thereza, que moravam no sítio Lagoa de Pedras de Riacho de Santana, onde foram morar. Albino deu origem à família Albino, por meio de seus 4 filhos: Manoel Albino, José Albino, João Albino e Antônio Albino. Eloy foi pai, dentre outros, de Laura (casada com Miro Elias, dando origem aos Miro do Tabuleiro do Padre), Elfisa (casada com Doca Gabriel, dando origem aos Doca do Tabuleiro do Padre), e Maria, casada com Hermógenes Freire. 

Antônio Fernandes chegou a se casar uma segunda vez com Raimunda Maria Madalena, da Lagoa da Onça, hoje município de José da Penha, com quem foi pai, dentre outros, de Francisco Fernandes (vulgo Chichico Fernandes). 

2. Joana Fernandes de Bessa, casada com Rufino Lopes Cardoso. Eles foram pais de pelo menos quatro filhos, dentre os quais Thereza Maria de Jesus, a mais velha, que se casou com Alcebíades Gomes, do Paul, também em Riacho de Santana, e após ficar viúva, casou-se com Pedro Vicente da Silva (vulgo Pedro Caboclo), e Antônio Rufino Cardoso, o mais novo, que ficou órfão e veio morar com a irmã no Paul, em 1905, casando-se no ano seguinte com Francisca Maria do Amor Divino, filha de Manoel Eloy e Maria Cyrilla, dando origem aos Cardoso do Paul. Após ficar viúvo, Antônio Rufino casou-se com Ana Cyrilla, irmã de sua primeira esposa, deixando uma grande descendência de 2 casamentos. 

3. Um terceiro casal, de nome desconhecido, chegou a ter muitos filhos mas todos foram dizimados durante uma epidemia de gripe, restando apenas Maria Raimunda da Conceição, que foi criada pela avó na Várzea Grande e em 1887 casou-se com José Alexandre da Silva, filho de Alexandre Alves Maia. Em 1888 se instalaram no Poço de Pedras, também em Riacho de Santana, onde nasceram suas filhas Francisca, Isabel (casada com Chico Mocó), Maria Silveria (casada com João Luís), Antônia (casada com José Medeiros), Maria de Araújo (casada com Cícero Medeiros), Regina (casada com Sebastião Pereira), Hermínia (casada com Miguel Ferreira) e Cristina (casada com Antônio Albino), e seu único filho Raimundo Alexandre, conhecido como Doca Alexandre, patriarca dos Doca do Poço de Pedra. 

Portanto, todas essas famílias tem uma origem em comum, que é o entroncamento dos Fernandes de Bessa das Cacimbas com os Cardoso da Várzea Grande, ambas originárias da Serra de Martins. 

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