Riacho de Santana e o período imperial

Encontramos evidências do povoamento de Riacho de Santana nos períodos anteriores ao advento da República nos jornais da época. Em 1881, após modificações na lei eleitoral do Império Brasileiro, foi realizado um Censo para identificar os cidadãos habilitados a votar. Além de ser homem, branco e alfabetizado, o eleitor também deveria provar uma renda superior a 200 mil réis. Portanto, a lista de eleitores aprovados permite uma estimativa de quem eram os latifundiários e outros ricos da época. Reproduzimos abaixo a lista dos eleitores, com informações adicionais obtidas em pesquisas.

Lista publicada no jornal O Brado Conservador em 1881.

1. Joaquim Ferreira Nunes: Sabe-se que foi proprietário no sítio Catingueira e Poço de Pedras, com grande criação de gado. Era de família politicamente influente em Luís Gomes e depois também em Pau dos Ferros. Detinha o título militar de alferes. Além dos muitos filhos que teve, seus descendentes constituíram relações familiares fortes com os Barbosa e os Pereira.

2. Joaquim Antônio de Carvalho: Conforme já mencionado acima, Joaquim de Carvalho detinha o título de Capitão. Pelos relatos de Chico Cardoso, ele foi constituído proprietário por Matias Fernandes Ribeiro, e suas terras iam do Paul a Serra das Almas.

3. Pedro José do Nascimento: Era conhecido como Pedro Barros, era proprietário do Tabuleiro do Padre. Sua filha Ernestina casou-se com João Elias Damasceno, originando a família Elias.

4. Manoel Francisco do Nascimento Souza: Filho de Pedro José do Nascimento.

5. Vicente José do Nascimento Silva: Filho de Pedro José do Nascimento, conhecido como Vicente Rapadura.

6. Vicente Sabino do Nascimento: Genro de Pedro José do Nascimento.

7. Antônio Barbosa Cavalcanti: já relatado no post anterior, era proprietário nos sítios Salobro, Oliveira, Catingueira e Poço de Pedras.


O processo de Proclamação da República foi conduzido em grande parte pelas próprias elites que davam sustentação ao poder do imperador. Como o "golpe" dado pelo Marechal Deodoro ocorreu em novembro de 1889, a maior parte dos eventos de organização do novo regime ocorreram ao longo de 1890. Para manifestar seu apoio a República, as elites locais publicavam seus próprios manifestos. O Diário de Natal publicou em 1890 um manifesto assinado por ilustres cidadãos pauferrenses em adesão ao clube republicano do estado do Rio Grande do Norte. Também fornece uma boa estimativa de proprietários rurais da época. Destacamos os seguintes nomes, ligados a Riacho de Santana:


Manifesto Republicano pauferrense, assinado por vários dos primeiros habitantes de Riacho de Santana

  1. Joaquim Antônio de Carvalho e seus filhos José Felipe de Carvalho, João José de Carvalho e genro Manoel Eloy de Carvalho, como já explicado, residiam no sítio Paul
  2. Joaquim Coelho da Silva: era proprietário de terras no pé da Serra do Camelo, no sítio Paul. Sua esposa era Joana Gomes.
  3. José Joaquim do Nascimento: patriarca das famílias Joaquim e Ludgero, residia na Lagoa de Pedras. Era casado com Maria Madalena de Jesus.
  4. Vicente José do Nascimento Silva: já relatado acima
  5. José Alexandre da Silva Maia: Era da família Batista Maia dos sítios Ema e Arapuá. Adquiriu a propriedade que pertencia a Antônio Barbosa Cavalcanti no Poço da Pedra.
  6. Manoel Cajé da Silva: Era oriundo da Serra do Garrancho, localizada próximo a divisa RN/PB, onde existe um sítio que leva o seu sobrenome. Trabalhava como pedreiro, ferreiro e carpinteiro, e adquiriu uma propriedade pelo valor de 90 mil réis, comprada a um homem de nome Manoel Cypriano. As terras correspondem ao atual espaço do centro urbano de Riacho de Santana. Sua esposa Alexandrina era natural de Pajeú de Flores e deixou fama de acolhedora, rezadeira e benfeitora.
  7. Antônio Fernandes de Bessa: Filho de Marcolino José de Bessa, bisneto de Matias Fernandes, era proprietário na Lagoa da Onça, hoje município de José da Penha.
  8. Francisco Ferreira do Monte: Trabalhava como ferreiro e detinha propriedades no Pau D'arco, Baixa do Arroz e Maretas.
  9. André Alves Pereira, João Francisco de Paula Rêgo: André Alves Pereira era originário da região de Tenente Ananias, antiga Mata de São Braz. Detinha propriedades nos sítios Muquém, Caeiras e Sobradinho, regiões povoadas por seus familiares. Era pai, dentre outros, de Justina, que casou-se com Manoel João, filho de João Francisco de Paula Rêgo.
  10. Manoel Alves Pereira: irmão do anterior, era pai de Laurentino Alves Pereira, casado com Raimunda Neris da Costa. Na família havia ainda Herculano Alves Pereira, ancestral da família Herculano.
  11. Pedro Vianna do Nascimento, João Cyriaco da Costa: Ambos eram naturais de Crato-CE, de onde saíram durante a seca de 1877, instalando-se no sítio Pau D'arco, onde permaneceram com suas famílias.
  12. João Gomes de Abreu, Bertholino Gomes de Abreu: Eram irmãos e sabe-se que tinham propriedades tanto no Pau D'arco quanto no Pejuaba, atualmente município de José de Penha.
  13. Manoel José do Nascimento: também residia no Pau d'Arco, era casado com Inocência Gomes
  14. Antônio Bento Pereira Campos: Filho de Joaquim Bento, mais antigo conhecido proprietário de terras no Catolezinho.

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