Riacho de Santana no início do século XX

O Almanak Laemmert foi uma publicação editada no Rio de Janeiro por muitos anos, que reunia informações diversas sobre todos os municípios do país. Nela constavam listas de políticos, religiosos, produtores, industriais e comerciantes de cada uma das cidades existentes à época. Como se sabe, Riacho de Santana era legalmente incorporado ao município de Pau dos Ferros, onde viria a se tornar vila, distrito e município. Na época que o Laemmert era publicado, entre 1891 e 1940, Riacho de Santana era apenas um emaranhado de propriedades rurais e terras livres dispostas ao longo do leito de um rio que desce a serra de Luiz Gomes e serpenteia entre esta e a serra de São José. Observando as listas de Pau dos Ferros podemos ter uma noção de quem eram os proprietários que alcançavam notoriedade suficiente para figurar nas páginas do encarte carioca. De Riacho de Sant'Anna encontramos quatro nomes apenas: Pedro Vianna do Nascimento, José Felipe de Carvalho, já citados anteriormente, e Sebastião José de Oliveira (mais conhecido como Sebastião Monteiro), que residia no sítio Sobradinhorelacionados na seção Lavradores e Satyro Ferreira Nunes (que era filho de Joaquim Ferreira da Catingueira) na seção Industriaes, engenho mecanizado de algodão. O engenho mecanizado de algodão era uma tecnologia cara, não era produzida no Brasil e tinha que ser importada diretamente da Inglaterra. O casarão localizado no alto da entrada do sítio Poço de Pedras, conhecido como casarão de Antônio de Enéas, era justamente onde se localizava a única "indústria" de Riacho de Santana importante o suficiente para ganhar uma linha em um jornal do Rio de Janeiro no início do século.
Almmanak Laemmert Ano 1912




Vista do casarão que pertenceu a Satyro Ferreira Nunes e abrigou uma descaroçadeira automática de algodão nos primeiros anos do século XX. Hoje pertence aos herdeiros de Antônio de Enéas e Delfina. Foto: Álvaro Rangel.
Vista do casarão que pertenceu a Satyro Ferreira Nunes e abrigou uma das poucos engenhos mecânicos de algodão da época. Atualmente pertence aos herdeiros de Antônio de Enéas e Delfina. Foto: Álvaro Rangel





Almmanak Laemmert - Ano 1912


Em 1920, o governo federal realizou um censo de propriedades rurais. Todos os proprietários que possuíam terrenos foram chamados a se inscreverem. Sabe-se que nem todos os proprietários responderam e, portanto, seus resultados não representam totalmente a realidade. No entanto, é mais uma maneira de identificar quais elementos da nossa sociedade dispunham de acesso à terra e à visibilidade por meio de órgãos oficiais do governo.

Proprietários registrados no nome Pau de Arco: Pedro Vianna - já citado; Manoel Vianna - filho do anterior; Manoel Alves Ferreira; Manoel Faustino da Silva - já citado; João Francisco da Costa - Nascido em 1890, era conhecido por João Lagoa, em virtude de seu pai, Francisco Sebastião, um dos moradores mais antigos do Espaduado (Rafael Fernandes - RN), ser referenciado como Francisco da Lagoa.

Proprietários registrados no nome Sobradinho: Francisco Monteiro de Britto - a família Monteiro de Britto era oriunda da Paraíba e estabeleceu-se no Sobradinho entre o fim do século 19 e início do século 20. Ligou-se, por meio de casamentos, com as famílias Gonçalo e Felipe. Francisco era filho de Manoel Monteiro de Britto e Úrsula Pessoa.

Proprietários registrados no nome Muquém: João Luís Pereira - não encontramos notícias suas anteriores ao Sítio Muquém; José Mathias Nunes - era filho de Mathias Ferreira e Raimunda Nunes, da Água Nova, casou-se com Rosa Maria tornando-se genro de João Luís Pereira; José Marinho da Silva.

Proprietários registrados no nome Riacho de Sant'Anna: Manoel Francisco do Nascimento - não se sabe se este seria Manoel Francisco do Nascimento Souza, proprietário no Tabuleiro do Padre, ou se seria Manoel Francisco do Nascimento, descendente de Matias Fernandes e pai de João Santos, Cypriano Santos, Francisco Santos e Antônia, esposa de Joaquim Soares. O povo falava de um antigo proprietário da fazenda Junco chamado Manoel Francisco, que possivelmente era um dos dois já citados. É provável que a fazenda Junco seja referenciada aqui como Riacho de Sant'Anna.

Proprietários registrados no nome Riacho de Santa Rita: Manoel C. da Silva - possivelmente Manoel Cajé da Silva.

Proprietários registrados no nome Pahul: Antônio Rufino Cardoso - chegou ao Paul em 1906, em virtude do falecimento de seus pais, para a companhia de sua irmã mais velha Teresa, na época casada com Alcebíades Gomes. No Paul, casou-se com duas filhas de Manoel Eloy de Carvalho, chamadas Francisca e Ana Cirila. Era descendente de Matias Fernandes por parte de Marcolino José de Bessa.

Proprietários registrados no nome Baixa do Arroz: Raymundo Felippe do Monte - filho de Francisco Ferreira do Monte, também trabalhava como ferreiro. É pai, dentre outros, de Nel Ferreira, Horácio Ferreira e Antônio Ferreira.

Proprietários registrados no nome Catolé: Euclydes Fernandes de Senna - era filho de Pedro Rodrigues da Costa e Joana Emília de Jesus, da família Barros da Gangorra, e casou-se com Luzia Maria da Conceição, filha de José Maria Bento.



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